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Amigo(a),
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Um brinde ao amigo H. Dobal
Ergo um poema ao poeta
como se uma taça ao brinde.
Um brinde ao riso afável, honesto, verdadeiro
do operário calmo das palavras,
do mestre de desapegada vaidade
incapaz de grito ou impropério,
mas capaz de levantar
enormes e frágeis catedrais
feitas de versos.
É ler Dobal
para sentir-se em meio
ao seco das caatingas,
no largo dos sertões,
ardendo,
in vitro
à fumaça do ferro em brasa
marcando bois e homens.
É conhecê-lo
para aprender
que toda glória é vã,
além de arredia aos que a perseguem.
A alegria guardado nas retinas
e o macio da mão trêmula
distraem o sorriso de menino travesso,
que ironiza vida e fama
por saber
que os pombos sempre cagam nas estátuas.
O que fica, para além da vida,
e ele bem sabe,
é o brinde que se ergue,
além do nada,
e os versos que se cantam,
além da glória,
a um tempo de carinho e amizade.
Agora, de repente, tudo é pouco
e tão grande, apenas na memória:
A conversa amena, regada a café com bolos fritos,
umas risadas, os afagos dos velhos companheiros,
ao redor de sua cadeira preguiçosa,
nas manhãs dobalinas de domingo.
Morreu Hindemburgo Dobal Teixeira.
Viva H. Dobal!
(A poesia de Dobal, como bem disse Cineas Santos, no e-mail em que acaba de me comunicar a sua morte, resistirá).

Olá, Paulo José Cunha
Aparentemente você não me conhece e nem eu lhe conheço, mas isso é fictício, uma vez que ambos admiramos profundamente a poesia de H.Dobal. Escrevo aqui hoje apenas para dizer que, embora aguardando sua permissão, já estou copiando este seu pequeno depoimento sobre Dobal para postá-lo na comunidade que há em homenagem ao poeta no Orkut desde 2005. Eu, de minha parte, que não conheci o homem Dobal, só sua poesia, fico pensando o quanto é importante para os que também só pela obra o conheceram saber algo sobre esse grande fazedor de versos através do testemunho dos que o conheciam e prezavam.
Cordialmente, Henrique Vieira.
(Eis o link da comunidade: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1376286)
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