Paulo José Cunha, especial para a TV Câmara,
em homenagem aos 49 anos de Brasília
Um dia Le Corbusier lamentou o abandono em que o governo do general Castelo Branco havia deixado Brasília e disse: «É uma pena, mas que belas ruínas teremos». O arquiteto que inspirou Lúcio Costa e Niemeyer criou uma imagem terrível demais para ser verdadeira. Impossível admitir a idéia de caminhar pelas ruínas de uma cidade que já nasceu sinônimo de ousadia e juventude.
Quando Lúcio traçou a cruz de onde brotaria o avião do Plano Piloto, esqueceu de pôr a data. Quando Niemeyer desenhou as linhas do Congresso, da Catedral, das colunas do Alvorada, também não se lembrou de datar o desenho. E foi assim que Brasília já nasceu condenada à eterna modernidade.
Daqui a mil anos, quando um visitante entrar pela primeira vez na Esplanada, há de ter o mesmo espanto dos candangos, quando perceberam que haviam se tornado personagens do sonho de um menino de Minas, atrevido que só, tão doido por novidades que ficou conhecido como presidente bossa-nova, isso na época em que um tal de João Gilberto tocava o violão de um jeito… novo. Glauber Rocha inventava um tal de Cinema…Novo. E a cidade que nascia do ventre do cerrado goiano, invenção daquele menino levado, já começava… nova. E moderna.
E permanecerá moderna, daqui a milhares de anos. Como sempre foi, como ainda é, como continuará a ser. Nova, e muito mais que eterna:
Para sempre, moderna.
